Durante muito tempo da minha vida eu neguei a existência do meu corpo. Ou simplesmente gostaria que ele não me incomodasse. Assim como ter que existir no mundo com essa incumbência de cuidar de mim, do corpo, da casa, do dinheiro, de outros corpos etc...
Sempre desde pequena eu como que gostaria de fugir dessa realidade. E não estar muito consciente dela. Dos sentimentos das pessoas ao meu redor e seus problemas de "adulto". Então criei uma forma de não estar presente com tudo isso, e também com o meu corpo, crie a bulimia. Comia quantidades de alimento sem nenhuma verdadeira necessidade daquilo. E vivia longe, longe de mim, longe do meu corpo, longe das pessoas e assim foi.
Eu cresci e claro, queria me relacionar intimamente, ser reconhecida, amada etc. Foi quando comecei a entrar em conflito com meu corpo. Horrível corpo! Terrível corpo! Porquê ter um? Meu Deus, o que eu faço com essa coisa que não funciona muito bem para mim?
Então engravidei, brilhante ideia para quem não sabe o que fazer da vida ou do corpo! (risos). A maternidade me conectou à mim. Me conectou ao meu corpo. Aos meus sentimentos negados e negligenciados. Ao fundo dentro de mim. Que aventura! E, se eu soubesse que isso era apenas o início de tudo! Fiz a escolha parir em casa. E também de sair do auto-abuso com a comida. Fiz dieta crudívora e depois frugívora e depois vegana e depois vegetariana etc...
Sempre há tempo! Com o segundo filho no colo e noites e noites sem dormir, um pouco de cabelos brancos e muita amamentação - é eu mergulhei de cabeça e corpo nisso sem distinção - que eu escolhi fazer cursos de auto-conhecimento. E não parei mais até hoje. Quantos presentes estão escondidos nessa jornada de si mesmo? Inclusive isso: de ter um corpo, de ter um corpo e ser um mistério no mundo.
Hoje eu me lembro diariamente que tenho um corpo
- não sou um corpo, porém me relaciono com ele
- Eu escuto meu corpo. E às vezes, até me permito estar em comunhão com ele.
Dar a ele o que ele me pede: me divertir com ele.
Receber dele, receber cuidados, dar cuidados, comprar coisas para ele e conversar,
"Ei corpo com o quê ou quem você gostaria de se divertir hoje?"
"Quantas aventuras teremos hoje corpo?"
Verdade, quanto passamos a vida odiando nossos corpos lindos? Numa luta infindável com nós mesmos por estarmos vivos? Por ter obrigações com isso e com aquilo.
Parece loucura: lhe convido a se olhar no espelho por um minuto e não julgar sua aparência. Não julgar nada em você. Convido você a conversar com seu corpo. Ele não é um pedaço de carne velha. Não é um objeto a ser vendido, ou comprado. Então, como tem tratado seu melhor amigo?
O corpo pode ser uma maravilhosa contribuição e fonte de vida, saúde e prazer a você! Ele é sua antena psíquica desta realidade. O que significa isso? Significa que ele dialoga com você. Ele é o primeiro a lhe dar os sinais daquilo que realmente é verdadeiro para você e não aos outros, ou considerado correto por essa realidade.
O corpo fala! O corpo sabe para onde ir, com quem ir e o que fazer! Ele sabe quem será a pessoa mais divertida e nutritiva de estar por perto. Ele sabe se você está indo na direção da vida, da facilidade e da leveza.
E também o contrário é verdadeiro. O corpo sabe - tem a intuição - daquilo que não vai bem com você e sua vida. Então, vamos encarar nosso corpo? Como seria estar presente com ele? Nem que fosse por apenas uma hora por dia! O que mais podemos adicionar à nossas vidas?
Foto: Chris Jarvis
1 Comment
gostei muito de como escola onda desenvolveu o projeto de auto conhecimento..
temas e abordagens fantástico do jeito que eu buscava…
gratidão
vou conhecendo cada um …seguindo o chamado…